sábado, 10 de outubro de 2020

CARAÇA: Caricaturas do Grandioso Fá - Sonetos Picarescos

CARAÇA é um volume de poemas, porém ninguém se engane: nele, mesmo quando o assunto é amor, há o espeto de uma piada embutido no lirismo, a dizer: "Quem quer o amor, quer o espeto". Maus juízes, maus políticos, maus patrões, maus amigos, maus amores... ahhhh, vocês vão sentir o chicote dessa língua. No formato exclusivo e-book ilustrado, com 262 páginas divididas em 11 partes, o livro se diverte com as pobrezas humanas e explora as riquezas poéticas mas também humorísticas da língua portuguesa, em versos líricos e satíricos, com especial carinho dedicado a maus amigos, políticos e juízes.

E-book ilustrado, exemplares personalizados e numerados, em PDF, para todos os aplicativos e dispositivos. 1 ed. São Paulo: Editora Serra Azul, 2020. R$30,00. Receba em seu e-mail.

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Da frase clara, doce e elegante (à moda Bocage), à barroca, humorada e desbocada (à moda Gregório de Matos), do encanto ao deboche (que os dois praticaram sem poupar o calão), num balanço pendular cheio de riscos não só de linguagem, o leitor é embalado no trapézio da escrita, gozando o friozinho que o despencar do alto das palavras  sem rede de proteção embaixo – dá na barriga.


Ora trapezista, ora ilusionista;  ora palhaço, ora domador na jaula dos leões; ora atirador de facas, ora engolidor de fogo, ora mulher barbada o Grandioso Fá puxa o leitor ao centro desse picadeiro simbólico e o converte em cúmplice de suas 241 caricaturas – uma para cada soneto.


As ilustrações, extraídas a baralhos inclusive de Tarô, sinalizam a vocação farsesca, arlequinal e circense do livro, que não despreza nenhuma palavra do idioma, nem sequer as deformadas, sujas, rotas e andrajosas, como aqueles paupérrimos clowns que tiravam o sustento de improvisos patéticos nas feiras medievais.

A seguir, algumas caricaturas do Grandioso Fá a título de ingresso grátis:









Caraça: Caricaturas do Grandioso Fá - Sonetos Picarescos. E-book ilustrado, exemplares personalizados e numerados, legível em todos os aplicativos e dispositivos, São Paulo, Editora Serra Azul, 2020 - R$30,00.

Grandioso Fá é professor, pesquisador e escritor em diversas editoras. Entre seus títulos estão O atirador de facas e Dois poetas paulistanos (Plêiade); o ciclo de romances urbanos Era uma vez no meu bairroO jovem Mandela e O jovem Malcolm X (Nova Alexandria), O espelho de Machado de Assis em HQ e  A lenda do belo Pecopin da bela Bauldour em HQ, tradução do francês e adaptação do clássico de Victor Hugo (Mercuryo Jovem).

sexta-feira, 20 de março de 2020

Moacyr Scliar: Ciumento de carteirinha

E você, teria ciúmes de Capitu? Clique no vídeo acima e pense, pense, pense...

Capitu traiu ou não? Numa disputa entre dois colégios, estudantes devem debater a questão e encenar o julgamento da personagem Dom Casmurro, do romance de mesmo nome de Machado de Assis. Entre eles está Queco, que vive um drama parecido com o de Bentinho.

O ciúme é com certeza o sentimento mais complicado de lidar e entender. Todos estamos sujeitos a sofrer por ele, seja em uma relação afetiva, seja em um caso amoroso. A questão fica ainda mais dramática quando se trata de uma aventura adolescente sem limites.

Moacyr Scliar, premiado autor infanto-juvenil e membro da Academia Brasileira de Letras, faz uma homenagem ao renomado escritor Machado de Assis e seu clássico Dom Casmurro, escrevendo uma história sobre o ciúme e tudo que esse sentimento é capaz de levar um ser humano a fazer. A obra conta a história de um grupo de amigos de Itaguaí (RJ) que participa de um concurso -- cujo prêmio em dinheiro possibilitaria a reconstrução de sua escola, soterrada durante um temporal. O objetivo da disputa é provar se Capitu, personagem marcante de Dom Casmurro, traiu ou não Bentinho, seu marido.

Entre os jovens participantes está Francesco, ou Queco (menino inteligente e sonhador), seu amor de infância Júlia, e seus amigos Vitório e Fernanda. Durante os estudos para o 'julgamento', Queco, identificado com o drama de Bentinho, começa a visualizar olhares e atos suspeitos entre sua amada e Vitório. Tomado por ciúme, o jovem forjar um documento com a assinatura de Machado de Assis, para incriminar Capitu e vencer o concurso. Até que o grande dia chega, e Queco tem de incorporar a farsa diante de uma platéia lotada. Será que ele consegue? (Fonte: Anglo São Roque).

Moacyr Scliar dá umas dicas sobre O ciumento de carteirinha.

No romance de Machado de Assis, o personagem-narrador, Bentinho, ao envelhecer se torna no introvertido, ranzinza e amargurado (casmurro, no dicionário tem esse significado). Porém a personagem que domina o romance, não é ele, mas seu amor de adolescência, Capitu, por quem ele nutrirá um ciúme perverso, isso por duas razões.

Primeira:  porque, nas palavras do personagem-narrador (que podem ser verdadeiras ou frutos do despeito), no velório do amigo, Escobar, morto por afogamento, Capitu teria ficado mais abalada do que a própria esposa do amigo.

Segunda: em razão da semelhança que ele passa a ver, ou imagina ver, ano após ano, entre seu filho e seu melhor amigo, morto por afogamento. Leia o que um artigo da revista Piauí diz sobre isso:
Bento Santiago, protagonista e narrador do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, trabalhava em casa quando foi interrompido por um escravo que fazia alarido ao portão. O criado, propriedade de seu velho conhecido Escobar, estava aflito e pedia ajuda. “Para ir lá… sinhô nadando, sinhô morrendo”, anunciou. Bento correu à praia do Flamengo o mais rápido que pôde, mas não havia mais nada a fazer além de confirmar a morte do amigo. Arranjou-se velório e enterro para o mesmo dia e, “na hora da encomendação e da partida”, o desespero de Sancha, esposa do falecido, “consternou a todos”, levando homens e mulheres ao choro. É nesse momento tumultuado que ocorre o fato decisivo da narrativa: Bento notou “que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã”. Nascia nele a dúvida sobre a traição. (Fonte: Revista Piauí) 

Essa história clássica de ciúmes foi parar nas salas de teatro, pelo gênio de grandes dramaturgos (diretores de teatro) na forma de drama ou comédia, nas páginas de histórias em quadrinhos pelas mãos de excelentes desenhistas e roteiristas, na TV e no cinema, que no Brasil tem uma bela histórias de grandes diretores e atores, em várias adaptações, por exemplo esta:

Clique no vídeo acima e assista à adaptação Capitu (1968), de Paulo César Saraceni.


Até a música popular brasileira (MPB) buscou decifrar o enigma Capitu. Na voz de Zélia Duncan e letra de Luiz Tatit, Capitu é uma jovem moderna despertando ciúmes pelas redes sociais e sites da internet dos dias de  hoje:

Zélia Duncan tenta decifrar Capitu no site www.poderosa.com. Clique no vídeo acima tente também.

Em Ciumento de Carteirinha, Moacyr Scliar atualiza e adapta esse clássico de nossa literatura para uma faixa etária e um tempo novo. E ele faz isso porque, depois de Dom Casmurro, não se pode mais tratar do tema do ciúme no Brasil sem se falar de Machado de Assis. Depois de Capitu, o ciúme nunca mais foi ou o mesmo, porque a mulher brasileira também nunca mais foi ou será.



JEOSAFÁ é Pesquisador Colaborador do Departamento de História da Universidade de São Paulo, escritor e professor Doutor em Letras pela mesma Universidade. Leciona atualmente para a Educação Básica e para o Ensino Superior privados. Foi da equipe do 1o. ENEM, em 1998, e membro da banca de redação desse Exame em anos posteriores. Compôs também bancas de correção das redações da FUVEST nas décadas de 1990 e 2000. Foi consultor da Fundação Carlos Vanzolini da USP, na área de Currículo e nos programas Apoio ao Saber e Leituras do Professor da Secretaria de Educação de São Paulo.  Autor de mais de 50 títulos por diversas editoras, entre os quais O jovem Mandela (Editora Nova Alexandria);   O jovem Malcolm X A lenda do belo Pecopin e da bela Bauldour, tradução do francês e adaptação para HQ do clássico de Victor Hugo (Mercuryo Jovem). 




Machado de Assis: O espelho


Frete grátis!
Neste livro você encontrará o conto integral de Machado de Assis ("O espelho - Esboço de uma nova teoria da alma humana"); uma Apresentação explicando como foi feita a Adaptação para HQ; uma análise da obra de Machado de Assis ("Machado de Assis ao espelho"); e uma Bibliografia (que informa o leitor sobre as fontes de pesquisa e o orienta a buscar sempre fontes confiáveis). 

O volume tem 64 páginas, a capa é em papel cartão, as letras são em tamanho bastante confortável para a leitura e a parte em HQ é toda em preto e branco, criando um clima de mistério, suspense e meeeeedoooooo!

Espelhos seduzem, atraem, instigam, mas uma coisa é certa: mentem, pois jamais eles nos devolvem nossa imagem verdadeiramente definitiva (ou ela está invertida, ou o distorcida).

Isso ocorre em parte pela natureza enganadora dos espelhos, em parte por não sermos definitivos (mudamos o tempo todo). Quem disser que está totalme
Narciso (1594-1596). Caravaggio.
nte satisfeito com sua imagem refletida no espelho não terá motivo para olhar-se neles nuca mais na vida. Alguém acredita nessa hipótese?

Há uma mística que envolve o espelho ao longo do tempo. Narciso não sabia o quanto era lindo e feliz até olhar-se no espelho das águas. Quando o fez, ficou encantado por sua própria imagem refletida nas águas cristalinas, atirou-se atirou-se nelas para abraçá-la e... morreu afogado.

O mito grego de Narciso, enganado pelo espelho, atravessa os séculos e foi incorporado à cultura humana por diversos campos. No campo científico, por exemplo, "complexo de Narciso" ou "narcisismo" é um transtorno da personalidade diagnosticado pela Psicologia e pela Psicanálise. No campo das artes, todas o trataram, das mais antigas ou clássicas, como o teatro e a literatura, às mais contemporâneas, como o cinema e a televisão.

Em Branca de Neve, a Madrasta malvada, ciumenta e maliciosa pergunta a seu espelho mágico quem é a mulher mais linda do mundo, e este a deixa transtornada quando revela que não é ela, mas uma linda, inocente e bondosa jovem chamada Branca de Neve. Branca de Neve é um conto de fadas dos Irmãos Grimm, que também já foi adaptado para todas as formas artísticas: teatro, dança, história em quadrinhos, pintura, cinema e animação - a mais famosa, a dos estúdios Disney, que se tornou um verdadeiro clássico do cinema de todos os tempos.


O conto "O espelho", de Machado de Assis, curtinho, de seis páginas apenas, faz parte dessa tradição universal em torno do tema "espelho". (clique aqui e leia-o integralmente). Mas não é porque tem só seis páginas que é um conto pequeno: é um grande conto, um clássico de nossa literatura, por causa da qualidade do texto e das reflexões que instiga no leitor.

Clique e assista ao clássico Branca de Neve e os Sete Anões (Disney, 1937/38).

Quem sou eu? O que vejo e acho de mim é verdade ou fantasia? Quem somos nós? Os outros são o que são, e ponto final, ou o que eu vejo ou acho deles é uma distorção da minha visão de mundo e dos meus sentimentos? Quem são os outros? Como os outros nos veem? O que os outros querem que sejamos ou acham de nós interfere no que somos? A nossa aparência e a nossa alma se correspondem ou uma pode entrar em guerra com a outra?

Em "O espelho", Machado de Assis, coloca um jovem diante de todas essas e outras perguntas perturbadoras, a partir da memória do adulto em que esse jovem se tornou. À medida que a narrativa progride, o leitor vai observando que a realidade tem brechas, por meio das quais o incerto, o mistério, o metafísico e talvez o sobrenatural escapam.

É para refletir? Com certeza, e também para cismar e... ter medo.


JEOSAFÁ é Pesquisador Colaborador do Departamento de História da Universidade de São Paulo, escritor e professor Doutor em Letras pela mesma Universidade. Leciona atualmente para a Educação Básica e para o Ensino Superior privados. Foi da equipe do 1o. ENEM, em 1998, e membro da banca de redação desse Exame em anos posteriores. Compôs também bancas de correção das redações da FUVEST nas décadas de 1990 e 2000. Foi consultor da Fundação Carlos Vanzolini da USP, na área de Currículo e nos programas Apoio ao Saber e Leituras do Professor da Secretaria de Educação de São Paulo.  Autor de mais de 50 títulos por diversas editoras, entre os quais O jovem Mandela (Editora Nova Alexandria);   O jovem Malcolm X A lenda do belo Pecopin e da bela Bauldour, tradução do francês e adaptação para HQ do clássico de Victor Hugo (Mercuryo Jovem).