As lembranças de escola terminam por ter um papel importante, porque a vida nela era muito diferente da vida de menino de quintal, descalço, sem camisa, que gostava de trepar em árvores e andar sobre cercas, muros e telhados.
Porém, embora novos amigos e algumas paixões infantis fossem bem interessantes, a vida, a vida mesmo, estava muito além dos muros e portões escolares. Tanto que, quando tocava a sineta da saída, disparávamos enlouquecidos pelas escadas e corredores até atingirmos a rua, que nos atiçava a sensação de liberdade — sensação que até hoje a rua me inspira.
Talvez por isso às vezes me sufoco e saio por aí a bater cabeça pelas ruas da cidade, até me cansar e desejar voltar para casa.
1973
Que
tardes intermináveis
aquelas
do terceiro ano escolar.
O
calor
a
chateação
o
medo de reguada
a
dona Laura dedo-duro
a
dona Benedita irada
o
diretor Nelson sádico.
Tomei
gosto da liberdade
Por
inspiração
desses
três tiranos.
(Livro de Infância - Poema 69)
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