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Andrea, eu e O grande arrasador de mundos. |
No fim do ano passado, acho que em dezembro, visitando o amigo jornalista, presenteei-lhe com alguns livros infantis que publiquei por algumas boas editoras paulistas. Ele reservou um ou dois para seus netos e um, voltado a meninas, para uma de que gosta muito: O Grande Arrasador de Mundos - a história de uma mocinha que enfrenta em sonho um cruel alienígena de cabeça de lata.
Na semana seguinte ele, jornalista das antigas, que acompanha o desenvolvimento dos fatos de perto e às vezes de dentro, me voltou com a notícia: Andrea, pois ela assim se chama, de sete anos, já tinha lido esse livro na biblioteca da escola e adorara. Ficou feliz da vida de ter ganho o livro.
Na semana passada, a mãe da linda leitora nos convidou para um rápido jantar cubano em sua casa, para que nos conhecêssemos. Ivete, pois assim a mãe se chama, além do jantar, nos recebeu com um afeto de antigos amigos, identidade que talvez só o mundo do livro propicie.
Ao abrir a porta do apartamento, Andrea, que já nos esperava, pegou minha mão e me conduziu diretamente à mesa em que o livro esperava: eu tinha que autografar e deixar uma dedicatória especial para ela. Ela me mostrou alguns livros autografados por autores a sua mãe, entre os quais um de Frei Beto.
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Jornalista Vitor Ribeiro |
Assim, fiz, mas não sem antes recortamos papéis, desenharmos personagens e contarmos histórias um ao outro. Ela tem um caderno cheio delas, escritas por ela mesma, algumas com desenhos. Lemos várias e ganhei uma, que não mostro aqui pois é segredo. Ser escritor e professor tem seus espinhos, mas também tem seus momentos de grande felicidade - que dinheiro nenhum no mundo paga.
À saída, ficamos, eu e meu amigo jornalista, gastando um pouco de tempo na calçada do prédio, ele fumando e filosofando sobre o mundo cão em que vivemos; eu, esperando o halo do que acabara de acontecer se dissipar para dirigir em segurança, sim, pois a delicadeza também embriaga, e eu não queria ser pego numa blitz desse mundo supracitado.
Vitor Riberio, pois assim se chama meu amigo jornalista, jogou a guimba do cigarro dele em local apropriado e nos despedimos com olhar otimista, daqueles a quem foi dado o sortilégio de vislumbrar por um instante que o pior mundo cão não resiste ao calor da mão e do olhar de uma criança.
