quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Nova meditação sobre o Tietê

Quem passa por baixo da ponte Júlio de Mesquita Neto, que na verdade são duas obras monumentais paralelas, ainda vê alguma graça - embora se pergunte sobre falta de sentido para duas pontes gigantescas serem construídas, uma ao lado da outra. Porém, quem passa por cima sabe que são mal-feitas, feias e que, mesmo com boa vontade, sente o forte cheiro de desperdício de dinheiro público. Fiz este poema em homenagem a esses dois monstrengos dispendiosos, grandiloquentes por baixo e feios de doer por cima. Que ódio se pode ter da cidade ao ponto de se construírem pontes tão horríveis? Somente uma mentalidade muito atrasada, tipo, família Mesquita, explicaria. Ou não.
Cíbio Bote



terça-feira, 12 de agosto de 2014

Minhocão vai desaparecer, olê olá!

Em 1986, saía do cineclube Oscarito, na praça Roosevelt, onde tínhamos lutas e brigas homéricas pelos rumos do cinema brasileiro, e ia bater cabeça pela cidade. Um de nossos sonhos era ver o Minhocão implodido e devidamente removido da cidade. Ontem, deu no noticiário que o novo Plano Diretor prevê sua desativação (leia aqui).

Este poema de 1986, então delírio de jovem cineclubista, ganha agora jeitão de profecia.
Cibio Bote.



segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Sombra de passeio de inverno

Nem em meu mais alucinado pesadelo delirei que um dia o cine Metrópole ia fechar. Era uma tarde-noite de domingo de início dos anos 80 e, em meio ao chuvisco que não molhava mas picava o rosto, com as mãos nos bolsos girando moedinhas, eu andava pela praça Dom José Gaspar, sedento para ver um filme naquela sala escura onde se sonha de olhos abertos — o comércio todo fechado, salvo um mísero café bem próximo da galeria. Era o final da tarde, mas a iluminação pública já funcionava porque fazia escuro. Minha sombra dobrou-se, metade no chão, metade na parede de um edifício. Entrei no café, pedi um bem forte, que tomei apressado, fiz o poema num guardanapo, que enfiei no bolso já sem as moedinhas, e fui ver um filme. O filme, nem me lembro qual, o cine Metrópole se foi, já a lembrança daquela tarde e o poema ficaram... aqui e no coração.