quinta-feira, 11 de abril de 2013

O albatroz, de Charles Baudelaire

Preparando um volume de ensaios de Silviano Santiago, dei com um poema de Baudelaire que li na adolescência e início de juventude, quando caí de cabeça nas Flores do Mal, do poeta francês. Pode não ter sido um sentimento bom, mas me acometeu a incontrolável vontade de traduzir o poema, que encontrou em nossa língua a versão de Guilherme de Almeida.

Se o sentimento incontrolável de traduzir pode ser desculpado, a tradução não tem esse benefício, pois pode ser julgado pelo leitor. Honesto que sou, dou ao leitor essa prova do crime: minha tradução. Porém, para que não me pese sobre os ombros uma sentença dura, dou ao leitor também, antes de meu crime, o texto em francês e a tradução de Guilherme de Almeida.

Leitor, deleite-se com os dois primeiros, e não julgue com excessiva severidade o último. Voilà.
 

L'albatros
Charles Baudelaire

Souvent, pour s'amuser, les hommes d'équipage
Prennent des albatros, vastes oiseaux des mers,
Qui suivent, indolents compagnons de voyage,
Le navire glissant sur les gouffres amers.

A peine les ont-ils déposés sur les planches,
Que ces rois de l'azur, maladroits et honteux,
Laissent piteusement leurs grandes ailes blanches
Comme des avirons traîner à côté d'eux.

Ce voyageur ailé, comme il est gauche et veule!
Lui, naguère si beau, qu'il est comique et laid!
L'un agace son bec avec un brûle-gueule,
L'autre mime, en boitant, l'infirme qui volait!

Le Poète est semblable au prince des nuées
Qui hante la tempête et se rit de l'archer;
Exilé sur le sol au milieu des huées,
Ses ailes de géant l'empêchent de marcher.

BAUDELAIRE, Charles. "Les fleurs du mal". Oeuvres complètes. Paris: Robert Laffond, 1980.



O albatroz
Tradução: Guilherme de Almeida

Às vezes, por prazer, os homens de equipagem
Pegam um albatroz, enorme ave marinha,
Que segue, companheiro indolente de viagem,
O navio que sobre os abismos caminha.

Mal o põem no convés por sobre as pranchas rasas,
Esse senhor do azul, sem jeito e envergonhado,
Deixa doridamente as grandes e alvas asas
Como remos cair e arrastar-se a seu lado.

Que sem graça é o viajor alado sem seu nimbo!
Ave tão bela, como está cômica e feia!
Um o irrita chegando ao seu bico em cachimbo,
Outro põe-se a imitar o enfermo que coxeia!

O poeta é semelhante ao príncipe da altura
Que busca a tempestade e ri da flecha no ar;
Exilado no chão, em meio à corja impura,
A asa de gigante impedem-no de andar.

Baudelaire, Charles. "O albatroz". Tradução de Guilherme de Almeida. Magalhães Junior, R. Antologia de poetas franceses do século XV ao século XX. Rio de Janeiro: Gráfica Tupy, 1950.




O albatroz
Tradução: JeosaFá

Acontece de, gozação de marujos de convés,
Caçarem albatrozes, imensos pássaros dos mares,
Que seguem, preguiçosos companheiros de marés,
O navio deslizante sobre fossas tumulares.

Uma vez presos e jogados sobre pranchas da embarcação
Esses reis do anil, zonzos e desengonçados,
Despencam suas alvas asas tangidas de desolação
Para escorregando se equilibrarem com esses remos improvisados.

Que João-bobo, esse pássaro, forçado a voos de galinha!
No céu tão grácil, que palhaço de circo de periferia
Se torna esse bicho enxovalhado com brasa de cachimbo!
Já outro o moqueia imitando-o em sua pantomima!

O poeta é um tipo de príncipe do espaço sideral
Que brinca com a tempestade e se ri do arqueiro que o mira.
Porém, preso ao chão, em meio às galinhas de quintal,
Arrasta as asas pensas sem nenhuma serventia.




quarta-feira, 3 de abril de 2013

PASSEI DOS 50, UFA!

Foto do espaço do Museu Afro Brasil na Bienal Internacional do Livro de 2012.

Amigos, leitores, rodamundos da internet, repaginei este meu blog. Estava na hora. Agora, além das resenhas e ensaios sobre literatura, há também na barra superior links das páginas em que estão todos os livros que publiquei desde minha estreia em 1985.
  • No link INÍCIO, estão armazenadas todos os ensaios e resenhas literárias desde 2007, quando este egrégio espaço de cultura, lazer e às vezes polêmica e galhofa abriu as portas.
  • Em INFANTIS estão capas e breves sinopses de todos o livros infantis que escrevi.
  • No link JOVENS E ADULTOS estão armazenadas as capas e as sinopses de meus livros de poesia, romance, contos, HQ e humor.
  • PARA PROFESSORES é a página de todos os livros que escrevi para a formação de docentes de língua portuguesa e literatura.
  • Em DIDÁTICOS está o Projeto Escola e Cidadania, de que participei como autor didático de Ensino Médio em fins da década de 1990 e início de 2000.
Ao todo, são mais de 50 títulos publicados, e este ano ainda não está nem pela metade. O Jovem Mandela,  que será lançado pela Nova Alexandria em 18 de julho próximo, no Dia Internacional Nelson Mandela, instituído pela ONU em comemoração a seu nascimento, já se encontra na respectiva página: JOVENS E ADULTOS. Porém Zona Oeste, da série ERA UMA VEZ NO MEU BAIRRO, também Nova Alexandria, já pronto, ainda não foi inserido, pois, embora com originais finalizados, está em fase de editoração, e, pela editora Mercuryo Jovem, deve sair Pecopin e Bauldour, um conto de Victor Hugo por mim traduzido e adaptado para HQ pelo fera João Pinheiro.

Como disse no título, passei dos 50... livros publicados. Quanto a minha idade... Mistério... Só falta começar a ganhar dinheiro... K k Kk K!



quinta-feira, 28 de março de 2013

O jovem Mandela

DAQUI A CINCO MIL ANOS um pai contará para seu filho dormir a lenda de um herói. Essa lenda dirá de um menino do Transkei, que calçou o primeiro par de sapatos quando ingressou um tanto tardiamente na escola, que viu e viveu os piores tormentos da vida humana, mas que, a despeito de todas as previsões funestas, liderou seu povo em uma saga épica e o conduziu uma vitória gloriosa sobre as mais abomináveis formas de opressão e humilhação do homem sobre o próprio homem. Essa lenda que atravessará os milênios futuros terá um nome: NELSON RALIHLAHLA MANDELA.