quarta-feira, 3 de abril de 2013

PASSEI DOS 50, UFA!

Foto do espaço do Museu Afro Brasil na Bienal Internacional do Livro de 2012.

Amigos, leitores, rodamundos da internet, repaginei este meu blog. Estava na hora. Agora, além das resenhas e ensaios sobre literatura, há também na barra superior links das páginas em que estão todos os livros que publiquei desde minha estreia em 1985.
  • No link INÍCIO, estão armazenadas todos os ensaios e resenhas literárias desde 2007, quando este egrégio espaço de cultura, lazer e às vezes polêmica e galhofa abriu as portas.
  • Em INFANTIS estão capas e breves sinopses de todos o livros infantis que escrevi.
  • No link JOVENS E ADULTOS estão armazenadas as capas e as sinopses de meus livros de poesia, romance, contos, HQ e humor.
  • PARA PROFESSORES é a página de todos os livros que escrevi para a formação de docentes de língua portuguesa e literatura.
  • Em DIDÁTICOS está o Projeto Escola e Cidadania, de que participei como autor didático de Ensino Médio em fins da década de 1990 e início de 2000.
Ao todo, são mais de 50 títulos publicados, e este ano ainda não está nem pela metade. O Jovem Mandela,  que será lançado pela Nova Alexandria em 18 de julho próximo, no Dia Internacional Nelson Mandela, instituído pela ONU em comemoração a seu nascimento, já se encontra na respectiva página: JOVENS E ADULTOS. Porém Zona Oeste, da série ERA UMA VEZ NO MEU BAIRRO, também Nova Alexandria, já pronto, ainda não foi inserido, pois, embora com originais finalizados, está em fase de editoração, e, pela editora Mercuryo Jovem, deve sair Pecopin e Bauldour, um conto de Victor Hugo por mim traduzido e adaptado para HQ pelo fera João Pinheiro.

Como disse no título, passei dos 50... livros publicados. Quanto a minha idade... Mistério... Só falta começar a ganhar dinheiro... K k Kk K!



quinta-feira, 28 de março de 2013

O jovem Mandela

DAQUI A CINCO MIL ANOS um pai contará para seu filho dormir a lenda de um herói. Essa lenda dirá de um menino do Transkei, que calçou o primeiro par de sapatos quando ingressou um tanto tardiamente na escola, que viu e viveu os piores tormentos da vida humana, mas que, a despeito de todas as previsões funestas, liderou seu povo em uma saga épica e o conduziu uma vitória gloriosa sobre as mais abomináveis formas de opressão e humilhação do homem sobre o próprio homem. Essa lenda que atravessará os milênios futuros terá um nome: NELSON RALIHLAHLA MANDELA.


sexta-feira, 1 de março de 2013

La Bohème, tradução livre, comme ci comme ça

Para dois pintores: meu irmão Di-Grego e para a amiga Mazé Leite

Eu falo de um tempo que os de menos de vinte anos não podem nem sonhar como foi. Mont Martre nessa época era um paraíso de lilases estendidos sob a janela da nossa quitinete, e se o que a gente pagava, sempre atrasado, por esse quarto minúsculo fosse ainda um absurdo, foi lá que a gente se conheceu, eu, sonhador de barriga vazia e você, que posava para meus retratos a óleo vestida só com água de colônia.

Ah, boêmia! A boêmia a nos gozar: vocês são uns sortudos! 
Ah, boêmia, nós não comíamos mais do que uma vez a cada dois dias!

No café do lado éramos uns bêbados em busca da glória, só gente muito vulgar corre atrás da grana o tempo todo. Embora uns pés rapados, o estômago a roncar de fome, não perdíamos a esperança na vitória da arte. E, nossa, isso às vezes acontecia!, quando em um restaurante chulé ficávamos diante de um prato quente e suculento de comida comprado com a venda de um mísero quadro, em vez de rezar antes de comer, nós recitávamos versos dos nossos amigos poetas, que ambulavam pelas ruelas vendendo seus livretes de mão em mão. Ah, boêmia

Ah, boêmia! A boêmia a dizer: você é tão linda...
Ah, boêmia, éramos todos santamente geniais!

A coisa mais comum do mundo era, diante de meu cavalete, passar a noite em claro retocando o desenho de um seio, o esboço de um quadril. E quando, não antes de clarear a manhã, exausto e exultante até a última fibra de meu ser, me sentava na banqueta de um bar infecto-contagioso diante de um café com chantily, tinha que reconhecer: como a gente se amava! como a gente amava a vida! Não só eu e você: toda nossa geração!

Ah, boêmia! A boêmia a dizer: Vivam, seus putos, você têm vinte anos, garai!
Ah, boemia, vivíamos de corpo e alma o clima febril daqueles dias!

Hoje, quando por distração, batendo pernas por Paris, vou parar pelos lados de nosso antigo endereço, não reconheço mais nem as paredes das casas, nem a rua onde ficou nossa juventude. Do alto das escadarias eu busco com os olhos míopes por sobre os telhados o nosso belo "ateliê", do qual nada sobrou. Com sua paisagem "reurbanizada", Mont Marte ficou triste, com ares de shopping center. Meu bem, continuo, só, te amando, mas nossos lilases, ó dor, não sobrou nada deles também.

Ah, boêmia! A boêmia a dizer: quando se é jovem, é santa a loucura.
Ah, boêmia, você estava coberta de razão!