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domingo, 18 de outubro de 2015

Proibido negros, judeus e cães

Proibido negros, judeus e cães: aviso em bar no sul dos EUA.
A escravidão não é criação da era moderna. A Grécia antiga, inventora da democracia, empregou o trabalho forçado como parte de sua estrutura social e produtiva – estando os escravos, como se sabe, excluídos dos direitos de participação nas decisões públicas.

A china praticou a escravidão em larga escala, e a rigor, ela só foi extinta com a revolução comunista de Mao Tse Tung, quando, deposto o último imperador, os eunucos foram libertados, e quando seus escrotos secos, guardados em caixinhas, lhes foram devolvidos pelos revolucionários, como símbolo de que os vínculos com seu senhor estavam definitivamente extintos. No filme O último imperador, de Bernardo Bertolucci, essa cena é particularmente perturbadora.

Proibido cães, negros e mexicanos:
aviso em comércio no sul dos EUA.
Por toda a América pré-colombiana há registros de escravidão: maias fizeram escravos, aztecas fizeram escravos, incas fizeram escravos. No Brasil pré-Cabral, era comum o sequestro de mulheres após guerras entre tribos. A função da mulher sequestrada era a de, incorporada à força, tornar-se esposa de algum jovem da tribo vencedora.  Se a esse casamento compulsório com o filho ou mesmo o próprio matador de seus pais – para fins de garantir descendentes saudáveis a partir de um estoque genético diverso –  não chamamos de escravidão sexual, é por zelo para com uma prática indígena que, vigente hoje nas sociedades ocidentais, recebe, sim, a classificação de escravidão sexual – condenada e punida por leis nacionais e internacionais.

"Colored": negros, índios e mexicanos no fundo do ônibus.
Assim, é um erro grotesco considerar que a discriminação racial em razão da escravidão ou por outros motivos recai somente sobre os negros. Nos dias de hoje, palestinos são alvo de racismo em Israel, tanto quanto judeus foram vítimas do ódio nazista na Alemanha hitlerista. Na Espanha de Franco, ciganos foram perseguidos com crueldade, tanto quanto chineses foram massacrados durante a 2ª. Guerra por japoneses imperiais, estes embalados pelo delírio de superioridade racial.

O racismo tem-se revelado ao longo dos séculos e milênios como uma estratégia violenta de grupos sociais para submeter, explorar e expropriar outros grupos. Riquezas imensas produzidas pelo povo judeu foram saqueadas por nazistas e fascistas e o próprio indivíduo semita teve seu corpo exaurido até a última gota de energia nos campos de concentração do III Reich. O objetivo principal do Japão ao invadir a China não foi instaurar uma “civilização mais avançada”, mas estabelecer um império político no extremo da Ásia para explorar as imensas riquezas continentais dessa região e seu povo – a "superioridade racial" era, assim, como sempre, apenas uma justificativa que não resistiu nem à força dos argumentos, nem ao argumento da força, pois a contraofensiva militar comunista expulsou as tropas invasoras no curso da 2a. Guerra e consolidou a Revolução Chinesa no poder em 1949.

Aula comunitária sobre os Direitos Civis nos EUA para estudantes do colégio Rio Branco - Granja Viana (17/10/15).
Assim, o argumento de superioridade racial nunca passa de um álibi para, criando-se em um grupo de força uma coesão interna a partir de um a farsa, explorar e extorquir – o que não se faz sem muita violência e, por oposição, muita resistência.

Aula comunitária sobre os Direitos Civis nos EUA para estudantes do colégio Rio Branco - Higienópolis (22/10/15).

Servimos apenas brancos .
Nunca hispânicos, nem mexicanos.
Porém, não há historiador que não admita ter sido a escravidão negra um dos pilares do capitalismo emergente das Grande Navegações, tendo alimentado, ela própria  a escravidão  grande parte das rotas marítimas atlânticas entre os séculos XVI e XIX, no chamado comércio  triangular (uma metrópole europeia, um posto de compra de escravos na África ocidental e uma colônia na América).

É essa proeminência da exploração da mão de obra escrava negra oriunda da África que levará um dos maiores líderes da luta contra o racismo nos EUA, o jovem Malcolm X, a afirmar: “Não existe capitalismo sem racismo.” Porém, se o líder acerta nessa formulação, pois a mão de obra escrava impulsionou os negócios da burguesia comercial patrocinadora das Grande Navegações, é preciso não esquecer que os regimes que antecederam o capitalismo também apoiaram suas economias no saque de populações dominadas e na escravidão ou servidão - que em muitos aspectos pouco se diferencia do trabalho forçado, pois o cerceamento da liberdade do indivíduo e a exploração compulsória de sua força de trabalho estão presentes nessas duas formas de produção.

Aula comunitária na EMEF Chico Mendes - Cidade Líder - Zona Leste de São Paulo
Nos EUA, tanto quanto por toda parte em que foi empregada, a escravidão e a discriminação racial deixaram e deixam ainda marcas profundas, que sequer o amontoamento de séculos sobre séculos futuros apagará. Essas marcas, embora as mídias contemporâneas se apressem em  soterrar com avalanches de imagens dispersivas, estão por toda parte, e com o advento da internet, se espalham e se oferecem como fontes de reflexão para quem não deseja que semelhantes episódios de injustiça e vergonha se repitam.

Linchamentos legalizados no Sul dos EUA.
A luta pelos direitos civis nos EUA, por exemplo, não é recente. Com a vitória dos ianques sobre os confederados na Guerra Civil Americana (1861), também chamada Guerra da Secessão – pois o Sul tinha intenção de se separar do Norte –, o fim da escravidão foi imposto pelos vencedores aos vencidos na forma de lei federal que, em última instância, reconhecia igualdade entre brancos e negros, todos agora cidadãos livres de um mesmo país.

Porém, mergulhados no ressentimento da derrota e do ódio racial, bem como apoiados na grande independência administrativa que a Constituição dos EUA faculta aos estados, os do Sul passaram a confrontar a legislação federal por meio de aprovação de leis estaduais abertamente racistas. Esses dispositivos de submissão e  de segregação racial que tornaram os negros cidadãos de segunda classe em seu próprio país,  foram sendo aprovadas paulatinamente nos legislativos estaduais desde 1876, vigoraram até 1965, e ficaram conhecidas como leis Jim Crow – apelido que se deve ao personagem empregado por racistas para ridicularizar os negros nos EUA.

Jim Crow: caricatura humilhante que
emprestou o nome às leis racistas nos EUA.
Assim, a luta pela igualdade, vencida, ao menos no terreno legal (pois as explosões sociais de resistência de negros contra o racismo nos EUA, todos o sabem, são frequentes), em 1964 com a promulgação Lei dos Direitos Civis, durou noventa anos, período durante o qual todo tipo de violação aos direitos humanos foi cometido com amparo legal local no interior do país que se apresentava e se apresenta ao mundo como campeão da liberdade e dos direitos individuais.

As leis Jim Crow não apenas segregavam seres humanos pela cor da pele, proibindo que uns tomassem água no bebedouro de outros, ou se sentassem nos mesmos bancos de praças ou transporte coletivo, como algumas delas estimulavam o ódio racial e disciplinavam o linchamento de negros em praças públicas. Essas leis, a rigor, eram ainda piores do que as empregadas no período da escravidão, pois não tinham como alvo um ou outro escravo fujão ou escrava com a péssima mania de andar com o queixo erguido, mas todo e qualquer cidadão negro, toda e qualquer mulher ou criança negra, não necessitando de motivações quaisquer além do preconceito e do rancor.

Num dos períodos mais agudos de resistência ao racismo na década de 1960 e na luta pela aprovação da Lei dos Direitos Civis, surgiram os Freeddom Riders, Viajantes da Liberdade, caravana de jovens, estudantes, intelectuais e militantes negros e brancos que, unidos, decidiram confrontar a racismo legal imperante nos estados do Sul.

Freedom Riders: caravana da liberdade.
Essas caravanas de ônibus em que brancos e negros se sentavam lado a lado, cruzaram os estados sulinos, sendo recebidas com violência pela Ku Klux Klam – sempre apoiada pela polícia local e mesmo por agentes federais racistas, que transmitiam informações sobre o roteiro dos ônibus.

Obviamente, na vanguarda dessas caravanas da liberdade estavam os principais atores:  negros e negras dispostos a conquistarem definitivamente para si e para as gerações futuras de afrodescendentes norte-americanos o estatuto de cidadania plena. Porém eles encontraram em seus colegas brancos não racistas apoio decisivo – o que não impediu que os dois principais líderes negros dos EUA fossem assassinados:  Malcolm X em 1965 e Luther King em 1968.

Ônibus dos Freedom Rider incendiado .
A principal lição que essas caravanas deixaram a todos, não só aos norte-americanos, é a de que a luta pela igualdade, contra todos os tipos de discriminação e preconceitos não diz respeito apenas às vítimas diretas deles. Se eu sou branco, tenho um amigo negro e ele é humilhado, eu fui também. Se meu vizinho japonês é ofendido por causa de seus olhos puxados, os meus olhos também foram furados. Se uma piada nazista atinge um amigo judeu, eu fui jogado no forno junto com ele. Se uma manifestação de intolerância manda que meus amigos nordestinos voltem para sua terra depois de eles terem erguido a maioria dos grandes edifícios de São Paulo, eu fui convidado a partir da minha terra com eles.

Porém, a verdade é que eu não preciso ter um amigo negro, japonês, judeu, palestino, nordestino, sírio, gay, lésbica, transsexual, deficiente físico ou com limitação intelectual  para me posicionar em defesa da igualdade e da justiça, pelo simples motivo de que, em milhares de anos estudados pela história, não se conhece um único exemplo de que o ódio, a intolerância, a escravidão tenham construído nada. Onde prosperou a histeria coletiva movida pelo ódio e pelos preconceitos, ali imperou os piores momentos da humanidade.

Agradecimentos às professoras Sandra (Granja Viana) e Laís (Higienópolis), à bibliotecária Valéria (Higienópolis) e aos estudantes do colégio Rio Branco, que me convidaram para o encontro de que o texto acima é uma espécie de resumo

Jeosafá Fernandez Gonçalves, Professor Colaborador do Departamento de História da USP, foi da equipe do 1o, ENEM, em 1998, e membro da banca de redação desse Exame em anos posteriores. Compôs também bancas de correção das redações da FUVEST nas décadas de 1990 e 2000. Foi consultor da Fundação Carlos Vanzolini da USP, na área de Currículo e nos programas Apoio ao Saber e Leituras do Professor da Secretaria de Educação de São Paulo na gestão José Serra. É escritor e professor Doutor em Letras pela Universidade de São Paulo. Autor de mais de 50 títulos por diversas editoras, lançou em 2013 O jovem Mandela (Editora Nova Alexandria); em maio de 2015, nos 90 anos de Malcolm X, O jovem Malcolm X, pela mesma editora; no mesmo ano publicou A lenda do belo Pecopin da bela Bauldour, tradução do francês e adaptação para HQ do clássico de Victor Hugo, pela editora Mercuryo Jovem. Leciona atualmente para o a Educação Básica e para o Ensino Superior privados.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Malcolm X: Ainda não sei nada sobre esse cara

Durante todo o período em que empreendi a pesquisa que deu origem ao livro O jovem Malcolm X uma sensação muito agradável foi crescendo em meu espírito e não parou de crescer até agora, mesmo o romance-biografia já tendo sido publicado. Essa sensação acomete com frequência o pesquisador quando o assunto pesquisado é instigante - e quando ela persevera no tempo soma-se a ela a de que é preciso prosseguir na investigação.

Embora tenha buscado fontes relevantes de pesquisa, inclusive primárias, ao pôr o ponto final no livro uma frase veio a minha mente sem que eu a tivesse elaborado conscientemente, e a frase é esta: "Ainda não sei nada sobre esse cara".

Como o objetivo d'O jovem Malcolm X é iniciar o leitor ao conhecimento desse significativo líder afro-americano, contextualizando tanto quanto o possível essa viagem iniciática, procurei apresentar um aspecto da personalidade de Malcolm X pouco explorada: seu humor, sua jovialidade, seu lado cativante não pelas ideias, mas pela afetividade.

Porém, à medida que fui aprofundando a pesquisa, muitos aspectos relevantes de sua contribuição para a luta contra o racismo, pela justiça social e para as organizações de base dos trabalhadores ficaram de fora - senão o livro teria mais de 500 páginas, o que seria demais para conquistar jovens e novos leitores (o número de páginas assustaria).

Assim, O jovem Malcolm X é uma espécie de anzol para pescar o leitor (essa metáfora era usada por Malcolm X para conquistar novos adeptos a sua causa - ele literalmente saía pelas ruas do Harlem a pescar entre "trombadinhas", drogados, traficantes, prostituas, mas também entre operários e trabalhadores de baixa remuneração, aqueles e aquelas dispostos a trocar seu cotidiano de oprimidos por um cotidiano de luta contra a opressão).

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Porém, a sensação de que é preciso pescar mais fundo não parou de crescer, tanto mais quando a participação em diversos eventos deste Semestre Malcolm X tem me obrigado a ler e reler textos sobre ele, a assistir, reprisar e anotar trechos de suas entrevistas em TV e rádio, para extrair delas seus argumentos, nos quais repousam às vezes tranquila, às vezes conflituosamente os conceitos que ele foi elaborando e refinando ao longo de sua meteórica ascensão ao olimpo da luta do povo negro - que pode ser estendida legitimamente a todos os que lutam contra todo tipo de preconceito, por liberdade, por justiça social e por um mundo livre da opressão do homem sobre o próprio homem.

Continuo estudando o legado de Malcolm X, e as chaves que ele nos pôs em mãos abrem segredos que nos levam a outras chaves - que por sua vez nos levam à origem da opressão, afastada no tempo, mas também à portas abertas para o futuro.

Porém, uma convicção se construiu fortemente em meu espírito a partir dessa pesquisa que ainda não terminou: não há nenhuma possibilidade de se conhecer os prodígios do capitalismo sem se conhecer a fundo e no tempo as raízes e as consequências da escravidão negra, sobre a qual foi construído esse império de pouquíssimos bilionários e uma imensidão de pobres oprimidos - uma quantidade inumerável dos quais abaixo dos mais básicos níveis da condição humana, à deriva no mar Mediterrâneo, pelas favelas e pelos cortiços do mundo.

Noutras palavras, a pesquisa sobre Malcolm X confirmou as opções que fiz ainda na adolescência e impôs, àquilo que já vinha fazendo, um trabalho colossal para toda a vida - do tamanho da escravidão que gerou tanta riqueza e tanta dor (e gera ainda nos dias de hoje).


Jeosafá é escritor e professor Doutor em Letras pela Universidade de São Paulo. Autor de mais de 50 títulos por diversas editoras, lançou o ano passado O jovem Mandela (Editora Nova Alexandria). e lança em maio deste ano, nos 90 anos de Malcolm X, O jovem Malcolm X, pela mesma editora.



segunda-feira, 8 de junho de 2015

Malcolm X: A união é a religião certa

De aluno exemplar e menino órfão, ele – abismado pela cidade grande, representada por Boston e, depois, por Nova Iorque –, abandonando os estudos, converte-se em trabalhador de baixa qualificação (engraxate, lavador de pratos, menino de ferrovia a vender sanduíches nos vagões, faxineiro de trem, balconista etc.); depois em pequeno vigarista, a dar golpes no carteado e a bater carteiras; até ingressar de  uma vez no tráfico de drogas, no comércio do sexo, na vida bandida e ser preso.

Sua conversão na cadeia ao islamismo (num momento em que o Islã se apresentou como alternativa de resistência ao racismo – não por acaso ídolos negros fizeram o mesmo, a exemplo do campeão de box Muhammad Ali), marca o nascimento de um dos maiores intelectuais negros dos EUA e do mundo. Porém, esse intelectual devorador de livros de linguística, história, geografia, sociologia, filosofia, literatura, atualidades, entre outros, teve como placenta não os currículos de bacharelado ou doutorado das universidades, mas apenas sua extraordinária capacidade autodidata e suas reconhecidas habilidades de linguagem e oratória.

Do momento em que saiu da prisão, em 1952, até o momento em que foi vítima do atentado que o vitimou, aos 39 anos de idade, em 1965, Malcolm X teve apenas doze anos para se tornar no ícone que hoje serve de inspiração a jovens do mundo todo.

Em que pesem a críticas que possam ser feitas a aspectos de seu radicalismo – algumas realizadas por ele mesmo após sua viagem ao Oriente Médio –, deve-se reconhecer o verdadeiro prodígio realizado por Malcolm X nesse tão curto espaço de tempo.

E que prodígio foi esse? O de, recuperando sua história familiar, a dos negros nos EUA   e a dos oprimidos do mundo, operar uma radical metamorfose em si mesmo e oferecer-se de peito aberto como veículo de transformação e luta por justiça social.

Este livro é um instantâneo dessa metamorfose, em relação à qual, não fosse universalmente sabida, seria legítimo dizer: não é verdade, não aconteceu, é pura ficção.


Porém, ela aconteceu, continua pelo tempo a fora... e atende pelo nome Malcolm X.


quarta-feira, 3 de junho de 2015

Malcolm X: É preciso quebrar o muro de silêncios


MALCOLM X NOS DIZIA, DIREITOS TEM DE TODO DIA LUTAR
Poema hip hop enviado pelos companheiros e irmãos: Azuir Filho e Turmas de Amigos: do Social da Unicamp, Campinas, SP, de Rocha Miranda, Rio de Janeiro, RJ e de Mosqueiro, Belém, do Pará.

Não é pra ficar esperando, é trabalhar e construir.
É o tempo todo atuando, para a sua meta atingir.
É atuar cada dia, até as condições se concretizar.
Malcolm X nos dizia, Direitos tem de todo dia lutar.

Direito é uma construção, não vem de mão beijada.
É sacrifício e aplicação, é uma duríssima jornada.
Exploração é patifaria, não temos nunca de aceitar
Malcolm X nos dizia, Direitos tem de todo dia lutar.

Tem de haver cooperação, e todo entendimento.
Nada de fazer exploração. isso é perder o tempo.
A vida é uma travessia, para o espírito se acalmar;
Malcolm X nos dizia, Direitos tem de todo dia lutar.


Há uma idéia reinante, que é feita pra confundir.
A exploração é revoltante, é forma inglória de agir.
O Humano na sua vilania, faz a seu irmão explorar.
Malcolm X nos dizia, Direitos tem de todo dia lutar.

Todo tempo trabalhando, o coletivo fortalecendo.
Boa vontade compartilhando, Ensinando e aprendendo.
Vida é para ter alegria, pra em comunhão se juntar.
Malcolm X nos dizia, Direitos tem de todo dia lutar.

Tem fazer com coração, pro entendimento ser total
Ódio e segregação, dificultam toda harmonia social.
A Luta é pra se ter harmonia, não tarda a hora chegar.
Malcolm X nos dizia, Direitos tem de todo dia lutar.

Superar a miséria do mundo, e a todos povos unir.
O amor sendo profundo, nos levam a melhor porvir
Não abrimos mão da Utopia, o Mestres fez anunciar.
Malcolm X nos dizia, Direitos tem de todo dia lutar.

É entender a contradição, e levar a luta com amor.
Coisa de companheiro irmão, de amigo trabalhador.
Não precisa de valentia, tem é do próximo amar.
Malcolm X nos dizia, Direitos tem de todo dia lutar.



terça-feira, 2 de junho de 2015

Malcolm X - Um grande ser humano, um revolucionário sempre

Desde quando sai da prisão, no segundo semestre de 1952, até o momento de seu assassinato, em 21 de fevereiro de 1965, Malcolm X evoluiu em seus pensamentos e suas práticas, abandonando o sectarismo e o ódio racial em favor de uma compreensão mais ampla da questão do negro e dos pobres nos EUA.

Em 1964, rompe com a Nação do Islã totalmente e encampa a luta pelos direitos civis, por chegar à conclusão de que o ódio e a segregação são empecilhos à justiça social e à superação do racismo. Em seus últimos discursos afirmava: “Uno-me a todos aqueles dispostos a superar a miséria deste mundo”. Superando a visão sectária da Nação do Islã que indispôs com líderes como Martin Luther King, afirmou: “A união é a religião certa”, e ainda: “Quando for lutar contra o racismo, deixe sua religião em casa, no guarda-roupa”.


Se forem descontextualizadas, muitas de suas formulações parecerão erráticas, pois umas se chocarão com outras. Porém, respeitado seu percurso de aprendizagem contínua (retratado em sua Autobiografia, concluída no mês de seu assassinato), o que se observará é um homem de extrema inteligência e coragem, que jamais teve preguiça de estudar, pesquisar e, desde que convencido, mudar de ideia e de prática. Malcolm X não teve medo de romper com o passado, mesmo com o custo da própria vida, porque não teve tempo de ter medo. É esse exemplo, é esse homem, é esse jovem, que inspira tanta gente no mundo todo, que o leitor tem agora em mãos.




quarta-feira, 27 de maio de 2015

Um dia, por toda a América: Eu também!


Diferentemente de dois outros mitológicos líderes negros de influência mundial (Nelson Mandela e Martin Luther King), Malcolm X não alcançou os bancos da universidade, nem teve seus contenciosos com as forças de segurança do Estado limitados às questões políticas.


Enquanto Luther King (com sua estratégia de não violência) e Mandela (por todos os meios) trilharam o caminho da educação formal até se confrontarem abertamente com racismo e com o aparato conservador governamental, Malcolm X, embora filho militantes da causa antirracista, só encontrou seu lugar nessa luta dentro da prisão, a que foi sentenciado por crime comum, quando há muito abandonara a escola, a despeito de ter sido excelente aluno da educação fundamental, em que foi inclusive presidente de turma – em uma instituição de maioria branca.


quarta-feira, 20 de maio de 2015

Malcolm X e o pão nosso de cada dia (e só o pão)

Os 90 anos de nascimento de um líder: assista ao vídeo
Durante a Grande Depressão, passamos muita necessidade. Minha mãe ganhava pães, então... fazia sopa de pão, pudim de pão, pão torrado, ensopado de pão, pão com açúcar, pão com óleo de cozinha e sal, pão com banana. Não ficamos traumatizados porque o pão salvou nossas vidas.
Malcolm X.


Malcolm X nasceu como Malcolm Little em 19 de maio de 1925, em Omaha, estado deNebraska (EUA). Seu pai, Earl Little, marceneiro de profissão, era pregador batista ligado ao movimento do Nacionalismo Negro, do líder jamaicano Marcus Garvey, que teve enorme influência na luta antirracista no início do século XX. Sua mãe, Louise Norton (Little), fluente em francês, era também atuante desse movimento. Ainda criança, Malcolm teve o pai assassinado por racistas de forma violentíssima (espancado, foi atirado em um trilho de bonde para ser atropelado). Com muitos filhos e uma depressão profunda, Louise, sem tratamento adequado, foi internada pelo Estado em um manicômio de condições precárias, do qual seria retirada anos depois, completamente aniquilada.

Os filhos de menor idade foram distribuídos pelo Serviço Social em lares adotivos. Malcolm, após ter sido excelente aluno do ensino fundamental, foi morar em Boston com sua meia-irmã Ella. Nessa cidade, vivendo de subempregos (engraxate, lavador de pratos, faxineiro de trens, entre outros), termina por se envolver com o mundo do crime, que o levará, com pouco mais de vinte anos de idade, em 1946, à prisão. Sentenciado a mais de uma década de pena, cumprirá sete anos em regime fechado. Por meio de uma seita religiosa, a Nação do Islã, tomará consciência das razões da exploração dos negros nos EUA. Ainda preso, se converterá ao islamismo e mergulhará nos livros de filosofia, sociologia, história, geografia , de literatura (menos) e até mesmo de latim, linguística e etimologia.

Desde quando sai da prisão, no segundo semestre de 1952, até o momento de seu assassinato, em 21 de fevereiro de 1965, Malcolm X evoluiu em seus pensamentos e suas práticas, abandonando o sectarismo e o ódio racial em favor de uma compreensão mais ampla da questão do negro e dos pobres nos EUA. Em 1964, rompe com a Nação do Islã totalmente e encampa a luta pelos direitos civis, por chegar à conclusão de que o ódio e a segregação são empecilhos à justiça social e à superação do racismo. Em seus últimos discursos afirmava: “Uno-me a todos aqueles dispostos a superar a miséria deste mundo”. Superando a visão sectária da Nação do Islã que o indispôs com líderes como Martin Luther King, afirmou: “A união é a religião certa”, e ainda: “Quando for lutar contra o racismo, deixe sua religião em casa, no guarda-roupa”.


Se forem descontextualizadas, muitas de
suas formulações parecerão erráticas, pois umas se chocarão com outras. Porém, respeitado seu percurso de aprendizagem contínua (retratado em sua Autobiografia, concluída no mês de seu assassinato), o que se observará é um homem de extrema inteligência e coragem, que jamais teve preguiça de estudar, pesquisar e, desde que convencido, mudar de ideia e de prática. Malcolm X não teve medo de romper com o passado, mesmo com o custo da própria vida, porque não teve tempo de ter medo. É esse exemplo, é esse homem, é esse jovem, que inspira tanta gente no mundo todo, particularmente na cultura hip hop.


LEIA TAMBÉM: Malcolm X: a voz rouca dos guetos, reportagem de Cida Moreira para a Rede Brasil .


JEOSAFÁ, professor, foi da equipe do 1o. ENEM, em 1998, e membro da banca de redação desse Exame em anos posteriores. Compôs também bancas de correção das redações da FUVEST nas décadas de 1990 e 2000. Foi consultor da Fundação Carlos Vanzolini da USP, na área de Currículo e nos programas Apoio ao Saber e Leituras do Professor da Secretaria de Educação de São Paulo. É escritor e professor Doutor em Letras pela Universidade de São Paulo. Autor de mais de 50 títulos por diversas editoras, lançou em 2013 O jovem Mandela (Editora Nova Alexandria);  em maio de 2015, nos 90 anos de Malcolm X, O jovem Malcolm X, pela mesma editora; no mesmo ano publicou A lenda do belo Pecopin e da bela Bauldour, tradução do francês e adaptação para HQ do clássico de Victor Hugo, pela editora Mercuryo Jovem. Leciona atualmente para a Educação Básica e para o Ensino Superior privados.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Um Malcolm X cheio de graça

A imagem que a grande imprensa divulga de Malcolm X é sempre a de um herói trágico, angustiado e deprimido. Porém, quem se dá ao trabalho mínimo de assistir a suas aparições públicas, entrevistas e gravações, sabe que ele tinha um humor extremante sofisticado e ferino, que era usado sempre como arma afiadíssima contra seus adversários de debates.

Vários reitores de universidades nos EUA foram vítimas de suas anedotas em discussões quentíssimas, com auditórios abarrotados e ansiosos por suas pérolas de oratória radical, mesmo quando engraçadas. O próprio Malcolm X revela e se diverte, em sua Autobiografia, ao recordar essa faceta de sua militância.

Em O jovem Malcolm X, o capitulo final é todo uma coletânea dessas suas frases lapidares, algumas das quais compartilharei neste espaço, como a que aqui se lê, até a data do lançamento do livro.


terça-feira, 5 de maio de 2015

90 anos de Malcolm X e o racismo no Brasil

Por Vladimir Miguel Rodrigues*

Em comemoração aos 90 anos de nascimento de Malcolm X, além do lançamento no dia 9 de junho d'O Jovem Malcolm X (com mesa redonda na livraria Martins Fontes-Av. Paulista), o prof. Vladimir Miguel Rodrigues, autor de O X de Malcolm e a questão racial norte-americana, convida para mesa de debates.

Malcolm X foi figura extremamente importante nos EUA, na década de 1960, tendo lutado ativamente pela construção das liberdades individuais dos negros. Muçulmano, inicialmente adepto da Nação do Islã, propagava um discurso radical contra os brancos, de autodefesa contra a violência institucional, afirmando que os negros deveriam criar um país dentro dos EUA e viver em separado da América branca. Após viajar em 1964 a Meca e aos países africanos recém-independentes, reformulou seus ideais, abandonou o discurso considerado “violento” e a Nação do Islã, caminhando para uma fala socialista, moderada, conciliatória que objetivava a emergência de uma identidade afro-americana. Sua vida teve fim em 1965, quando proferia uma palestra e foi brutalmente assassinado. Este ano de 2015 é significativo para as questões raciais nos EUA. Primeiramente, por serem lembrados os 90 anos do nascimento de Malcolm (21 de Fevereiro) e os 50 anos de sua execução (19 de Maio). Essas reminiscências, relacionadas ao atual contexto racial dos EUA, marcado por inúmeros atos criminosos em relação à população negra, como vimos, recentemente em atos brutais contra cidadãos negros, como em Nova York, Saint Louis e, ainda mais recente, em Baltimore, mostram que o discurso de Malcolm X continua atual e os problemas raciais que, muitos acreditavam que haviam sido superados, continuam onipresentes. Para que essa temática possa ser ampliada, realizaremos um debate para discutir Malcolm X e sua relação com o contexto brasileiro, marcado por um racismo institucional, como foi dito pela própria ONU em relatório sobre as questões étnico-sociais no país.

90 anos de Malcolm X e o racismo no Brasil
Local
Unorp – 19 de Junho de 2015 às 19h, São José do Rio Preto-SP
Participantes
Vladimir Miguel Rodrigues
Professor e escritor (autor de O X de Malcolm e a questão racial norte-americana)
Jeosafá Fernandez Gonçalves
Professor e escritor (autor de O jovem Malcolm X)
Douglas Belchior
Professor e ativista (Uneafro-SP)
William Reis
Ativista (Afroreggae-RJ)

Tiago Vinícius André dos Santos
Mestre e Doutorando em Direitos Humanos pela Faculdade de Direito da USP, presidente do Conselho Afro brasileiro de São José do Rio Preto. 


Bacharel em Letras com habilitação em Tradutor pela UNESP/Ibilce, concluído em Novembro de 2007 e licenciado em Filosofia pelo Instituto Claretiano, concluído em Novembro de 2012. Em Fevereiro de 2008, ingressou no Mestrado em Teoria da Literatura pela Unesp/Ibilce, na linha de pesquisa História, Cultura e Literatura (HCL), com o projeto "Malcolm X: entre o texto escrito e o visual", tendo obtido o título de mestre por esta instituição em Agosto de 2010. No ano de 2012, teve sua dissertação selecionada pelo Programa de Publicação de Dissertações de Docentes da Unesp, tendo publicado em Agosto de 2013, pela Editora Unesp, o livro "O X de Malcolm e a questão racial norte-americana". Desde o início de 2004 trabalha com o Ensino das Humanidades. Atua como professor de Filosofia, Sociologia, História e Atualidades no Ensino Médio e Cursinho pré-vestibular na rede particular de São José do Rio Preto e região. Escreve artigos de opinião e crônicas regularmente para os principais jornais da cidade e para revistas eletrônicas de alcance nacional.


quinta-feira, 23 de abril de 2015

O jovem Malcolm X entre amigos

FOTO: Mazé Leite.
Ano passado me dediquei à pesquisa de Malcolm X para a redação do romance-biografia O jovem Malcolm X, projeto que apresentei à editora Nova Alexandria e que foi por ela acolhido com bastante entusiasmo na coleção Jovens sem Fonteira, na qual publiquei em 2013 O jovem Mandela.

Além de pesquisa vídeo, biblio e historiográfica, contei com a ajuda de pessoas no Brasil e nos EUA.

Lá particularmente me ajudou Mr. Sandeep S. Atwal, com seu Malcolm X: Collected Speeches, debates and interwiews (1960-1965), a quem agradeço muitíssimo, pois, sem sequer me conhecer, respondeu pronta e fraternalmente a minha solicitação,  enviando-me seu excelente trabalho, que consiste em exaustiva compilação de áudios e vídeos, em que o próprio Malcolm X comparece com toda a força de sua inteligência, de sua ironia e de suas idiossincrasias.

No Brasil, desde o início, a excelente e guerreira artista plástica Mazé Leite, minha irmã de pai  e mãe diferentes, me estimulou com sua prosa inteligentíssima e com sua arte. A foto acima é dela, que prepara para breve um óleo sobre tela de nome Josa X, numa irreverente leitura de minha imagem à luz da imagem do grande líder negro norte-americano.

A jornalista Cida Moreira, da Rede Brasil Atual, por sua vez, mostrou-se generosíssima, ao traçar meu perfil em uma matéria para a revista e para o site homônimos (Da revolução dos boys ao cineclubismo, do bairro ao mundo). Também entrevistou-me, há coisa de vinte dias, a propósito d' O jovem Malcolm X  e dos 90 anos de nascimento do líder do nacionalismo negro norte-americano (a matéria deve ir ao ar e na revista em maio ou junho).

Por meio dela, acabei ficando devedor também do Prof. Dr. Vladimir Miguel Rodrigues, que me disponibilizou seu ótimo livro, nascido de sua tese de doutorado, O X de Malcolm e a questão racial norte-americana. A leitura desse livro me permitiu realizar alguns ajustes ao texto final.


Ainda me socorreu, também meu irmão de pai e mãe diferentes, o artista plástico e professor Claudinei Roberto, ex-coordenador de educação do Museu Afro Brasil e curador de um sem fim de exposições por este Brasil afora e adentro. A ele devo a leitura de revistas antigas de seu acervo, que situam a relação entre Malcolm X e o eterno campeão mundial de box Muhammad Ali.

Para o lançamento do livro, já agendado para 9 de junho, no auditório da livraria Martins Fontes-Paulista, conto com esses amigos na mesa de debates, não apenas para falar de Malcolm X, mas do que eles mesmos vêm produzindo, a partir de seus trabalhos artísticos e intelectuais, como contribuição para luta contra o racismo e pela justiça social no Brasil.

Tenho a esperança de poder contar na mesa ainda com Sirlene Barbosa e João Pinheiro, que pesquisam e produzem uma HQ sobre Carolina Maria de Jesus. Por hoje é só. Assim que tiver mais notícias, aviso os amigos.

Amplexos a todos do
Jeosa




O JOVEM MALCOLM X
DATA: 9 de junho de 2015
HORÁRIO: A partir das 19 horas
EVENTO: Mesa redonda: Malcolm X entre amigos: Os 90 anos de Malcolm X
LOCAL:

Livraria Martins Fontes Paulista

www.martinsfontespaulista.com.br/ 
Av. Paulista, 509 - Tel.: 11 2167.9900 - CEP 01311.910 - São Paulo SP | Estacionamentos: R. Manoel da Nóbrega, 95 e R. Manoel da Nóbrega, 88.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

HÁ exatos 50 anos, Malcolm X previu revoltas nos EUA

Protesto em Ferguson, novembro de 2014.
Imaginem o que pode acontecer quando esses guetos amargurados e revoltados por toda a América tiverem o incidente de ignição certo, ficarem realmente inflamados e explodirem além de suas fronteiras, para a áreas em que os brancos vivem! Imaginem o que pode acontecer na cidade de Nova York se os pretos enfurecidos deixarem o Harlem, atravessando o Central Park.
(Malcolm X, 1964)

Entreguei há quinze dias à Editora Nova Alexandria o original de O jovem Malcolm X, romance-biografia cuja conclusão me ocupou este ano de 2014.

Assistir a vídeos de suas entrevistas e discursos, ler e reler páginas e mais páginas sobre o que se escreveu sobre ele e o que ele escreveu sobre si mesmo em sua Autobiografia foi uma banho de história - e está sendo ainda, pois embora tenha concluído o original, continuo ainda mergulhado em parte do material que não empreguei no texto.

Tenho acompanhado o noticiário sobre a revolta nos EUA, a partir dos acontecimentos de Ferguson. Como informa o jornalista Altamiro Borges:


Em sua Autobiografia, Malcolm X tratou dessa explosão de violência, já vivida no Harlem no que ele chamou de "o longo e quente verão de 1964":

Fiquei assustado quando compreendi pela primeira vez o perigo representado por esses adolescentes do gueto, se alguma centelha os levar à violência. [...] O longo e quente verão de 1964, no Harlem, Rochester e outras cidades, deu uma ideia do que pode acontecer... e não passou disso. foi apenas uma ideia pálida. Pois todos os distúrbios ficaram restritos aos lugares em que os negros vivam. Imaginem o que pode acontecer quando esses guetos amargurados e revoltados por toda a América tiverem o incidente de ignição certo, ficarem realmente inflamados e explodirem além de suas fronteiras, para a áreas em que os brancos vivem! Imaginem o que pode acontecer na cidade de Nova York se os pretos enfurecidos deixarem o Harlem, atravessando o Central Park. Ou pensem no South Side de Chicago, um gueto mais antigo e ainda pior, imaginando os negros de lá a se espalharem pelo Centro. Pensem nos negros revoltados de Washington avançando pela Pennsylvania Avenue. Detroit já testemunhou uma concentração pacífica de mais de 100 mil pretos... pensem nisso. Podem falar em qualquer cidade. Existe uma dinamite social preta em Cleveland, Filadélfia, San Francisco, Los Angeles... a raiva do homem preto está presente em toda parte, fermentando.

Nascido em 1925 Malcolm X (originalmente registrado Malcolm Little; Omaha19 de maio de 1925 — Nova Iorque21 de fevereiro de 1965),  faria 90 anos em maio de 2015, ano que, em fevereiro, completam-se 50 anos de seu assassinato. Para compreender os acontecimentos de Ferguson, retomar o que ele escreveu em sua Autobiobrafia é essencial.