A notícia dada pela presidenta do INEP em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo anuncia a maior marcha-à-ré da história da
educação brasileira: o fim do ENEM como porta de entrada de universidades
públicas e privadas.
Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, a professora
Maria Inês Fini, presidenta do INEP, autarquia do MEC responsável pelo ENEM, em
palavras inequívocas diz:
"Ele [o ENEM] foi planejado para ser uma avaliação dos
alunos ao final da escolaridade básica, que termina no ensino médio. E ele, em
2009, perde essa característica e ganha as do exame vestibular nacional."
Em linguagem inequívoca, sim, mas nebulosa, a professora responsável pelo 1o.
ENEM, em 1998, considera que o ENEM em
2009 perde suas características originais, o que não é verdade, uma vez que
continua empregando as matrizes de competências e habilidades baseadas nos
Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNs), e ganha uma outra: que
ela chama de "vestibular nacional" - o que também não é verdade, pois o ENEM
exatamente extingue os vestibulares das universidades que o adotam.
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Pobres e classe média alijados do Ensino Superior por Temer. |
Na mesma entrevista, a professora afirma que as modificações para 2017 serão feitas "sem que os jovens percam as vantagens oferecidas pelo Prouni, Sisu e Fies". Porém ela não explica como essas vantagens serão mantidas uma vez que o exame deixará de ter a característica, na linguagem dela, de "vestibular nacional".
Em 2009 o que ocorreu foi exatamente a democratização do acesso às vagas das instituições públicas de Ensino Superior, principalmente as federais e muitas estaduais (via Sisu), e às das privadas, que passaram a empregar o ENEM em substituição a seus vestibulares (para fins de adesão ao Prouni e Fies).
O que ocorre agora é que as elites econômicas que assumem o governo pela via ilegítima (na figura do mofado mordomo de filme de horror Michel Temer, cuja mentalidade cheira à naftalina) querem excluir os filhos dos trabalhadores e da classe média baixa (que tiveram no ENEM um mecanismo concreto de justiça social) das universidades públicas e das privadas de maior reputação - pois o Estado os vinha defendendo e incentivando por meio do Sisu – caso das públicas – e do Fies e do Prouni – caso das particulares.
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Romance de uma cidade violenta e injusta, porém onde cabe o amor, a amizade e poesia. |
No ano de 2015 quase 8.500.000 candidatos se inscreveram no
ENEM com a esperança de, a partir de seu desempenho nesse exame, alcançar a tão
sonhada vaga no Ensino Superior. É nas costas desses brasileiros que Temer dá
agora essa facada traidora.
A queda de 35% de inscrições no ENEM deste ano de 2017 é já reflexo da perda de confiança num exame que, durante os governos Lula e Dilma cresceram ininterruptamente e incluiu milhões de filhos de trabalhadores nas melhores universidades do país.
Jeosafá, professor, foi da
equipe do 1o, ENEM, em 1998, e membro da banca de redação desse Exame em anos
posteriores. Compôs também bancas de correção das redações da FUVEST nas
décadas de 1990 e 2000. Foi consultor da Fundação Carlos Vanzolini da USP, na
área de Currículo e nos programas Apoio ao Saber e Leituras do Professor da
Secretaria de Educação de São Paulo na gestão José Serra. É escritor e
professor DoutoO
jovem Mandela (Editora Nova Alexandria); em maio de 2015, nos 90
anos de Malcolm X, O
jovem Malcolm X, pela mesma editora; no mesmo ano publicou A
lenda do belo Pecopin da bela Bauldour, tradução do francês e adaptação
para HQ do clássico de Victor Hugo, pela editora Mercuryo Jovem. Leciona
atualmente para o a Educação Básica e para o Ensino Superior privados.
r em Letras pela Universidade de São Paulo. Autor de mais de 50
títulos por diversas editoras, lançou em 2013
A queda de 35% de inscrições no ENEM deste ano de 2017 é já reflexo da perda de confiança num exame que, durante os governos Lula e Dilma cresceram ininterruptamente e incluiu milhões de filhos de trabalhadores nas melhores universidades do país.
