O segundo dia do ENEM 2017 confirmou uma tendência que já se revelara no primeiro dia, quando foram avaliadas as áreas de Linguagens e Humanas: o aprofundamento do conteudismo nas questões de Exatas e Ciências da Natureza favoreceu os alunos egressos de escolas privadas.
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Seja, por exemplos, em Filosofia (avaliada no primeiro dia), seja em Matemática, a própria imprensa registrou a dificuldade que mesmo professores enfrentaram em resolver certas questões. Isso aponta não para a elevação do nível da prova, mas para a eleição de certos conteúdos que certas escolas trabalharam e outras não.
Ora, o ENEM foi elaborado para avalizar competências e habilidades, não se o aluno se recorda de conteúdos específicos ministrados ao longo de sua formação na Educação Básica. Muitas questões, tanto de Linguagens, Humanas e Redação, quanto de Ciências da Natureza e Matemática privilegiaram a memória de conteúdos tratados anteriormente. As questões interpretativas, marca desse Exame, perderam peso claramente.
Ao invés de se avaliar aquilo que é comum a todos os alunos do Ensino Médio brasileiro, pôs-se em foco aquilo que escolas "top" do sistema privado têm trabalhado - muito além do que é comum a todas as escolas desse nível de ensino.
A insuspeita revista Veja elogiou esta edição do ENEM como a que "valorizou o bom aluno" em prejuízo do "paraquedista". O que ela chama de "bom aluno" é, na verdade, o aluno da escola privada de elite, que deseja uma vaga gratuita na universidade pública; e o que ela chama de "paraquedista", é na verdade o aluno da escola pública, que vinha sendo incentivado a buscar uma vaga (que sempre lhe fora negada) numa universidade paga com o suor do trabalho de seus pais. O MEC tenta disfarçar, mas o ENEM do golpe, é também um golpe contra os filhos do trabalhadores.
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