sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Leitura no Metrô

APANHO ÔNIBUS LOTADO DO MORRO DOCE À LAPA. NA LAPA, APANHO O TREM DA CPTM SUPERLOTADO ATÉ A BARRA FUNDA. NA BARRA FUNDA, PEGO O METRÔ LOTADO ATÉ A ESTAÇÃO D. PEDRO. LÁ, APANHO O ÔNIBUS JD. CELESTE, MENOS LOTADO, MAS TAMBÉM DE PÉ ATÉ O IPIRANGA. DUAS HORAS PARA IR, DUAS PARA VOLTAR PARA CASA, EM CAMINHO INVERSO. COMO SUPORTO ISSO? LENDO: 4 HORAS DE LEITURA POR DIA EM PÉ.

Dois túneis se completam, o que leva sob a cidade a alguma parte dela, o que penetra-se pelo vórtice das letras pretas nas página brancas - e que não se sabe aonde vai dar. Quem nunca perdeu uma estação por ficar preso no segundo túnel, que atire a última faísca.

Cibio Bote





quinta-feira, 7 de agosto de 2014

A chuva cai, e o morro da Babilônia também

Conheci o morro da Babilônia nos anos 80. Era um pico agudo enfiado no meio da serra da Cantareira, já quase no município de Mairiporã. Erra assim que os moradores chamavam essa ocupação irregular de floresta em que os barracos de alvenaria ou madeira se apoiavam uns nos outros em franca desordem como uma verdadeira Babilônia. Ali traficava-se água por meio de caminhões-pipa, pois as tubulações da cia. de água lá não chegava. A guerra entre traficantes de água espalhava cadáveres pela serra. Fui parar lá a pedido de um morador que, por me conhecer, achou que eu podia ajudar. Narrou-me o desabamento da semana anterior (a foto em questão não tem anda a ver com isso). Disse-lhe, desconsolado: "Faço um poema". Ele respondeu: "Não é suficiente". "Então caia fora da serra da Cantareira, pois isso é dos macacos, nem rico nem pobre pode vir aqui encher o saco deles". Então, ele me deu uma porrada. Mandei-o àquele lugar. E assim acabou nossa amizade. Mas ficou o poema e a história.
Cíbio Bote.


quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Geografia de São Paulo

A geografia da cidade mostra muita coisa, e esconde outro tanto ainda maior. Quem tiver olhos para ver, que veja. No poema gráfico, uma bola rola geografia abaixo.